Heey Gente, tudo certo?

Bom, a página parceira do blog, Fani FMF, fez um concurso de escrita e vou postar aqui o texto que ganhou em primeiro lugar, da Vivian Cunha dos Anjos. Temos especulações de que ela tem a escrita da Paula Pimenta... Quem aí vai conferir?

Por mais que eu tente te esquecer - Vivian Cunha dos Anjos

Um pé engessado… Que belo presente de 16 anos!
Eu quebrei o dedão do pé esquerdo na aula de Educação Física, quando fui obrigada a ficar no gol. Eu sou péssima em qualquer esporte que envolva bola. E foi quando a za-gueira do meu time, tentando ajudar a defender, tropeçou, caiu sobre mim, mandando-me em direção a trave, e quando tentei esquivar-me, não sei como, acabei chutando a trave do gol com toda força, e assim, quebrei meu dedo.
Doeu, muito. Tinha a certeza que tinha quebrado. O professor percebeu a gravidade, pois ficou muito roxo e inchado, levou-me até secretaria para chamar meu responsável. Porém, a minha mãe trabalha o dia todo, então a escola ligou para o meu pai.
Bem, desde que eu me entendo por gente, moro com mamãe. Meus pais separaram-se quando eu tinha apenas três meses de idade. O motivo? Amanda, a noiva do meu pai. Melhor amiga da minha tia, que fingia ser amiga dos meus pais, chegou até a visitar mamãe na maternidade! e de tão "amiga" que era, tomou papai para si, deixando mamãe sozinha com uma criança de três meses para criar e educar.
Eu vejo meu pai apenas em algumas épocas do ano, como a páscoa, o aniversário dele, nas férias (que se resumem em ficar na pousada dele e da minha tia, nesse frio que faz aqui na Serra da Mantiqueira em São Lourenço), no dia dos pais, ou quando a minha literalmente mádrasta larga do pé dele. Espera aí, ela está sempre com ele!

Como sempre, fiquei por muito tempo esperando meu pai. Quando finalmente ouço a Maria, a inspetora da escola chamar meu nome:
– Cecília, você está liberada, sua mãe vai te levar ao hospital. Ela está estacionada em frente ao portão principal, à sua espera, pode ir! Boa sorte com esse dedão roxo...
Eu fiquei atônita, pois pensei que seria meu pai a me buscar, desci as escadas até mais feliz, se é que isso é possível, pois o meu dedo latejava de tanta dor que sentia.
Quando cheguei ao portão da escola, vejo o carro da Amanda. A AMANDA! Ela não é a minha mãe! Poxa, como que a Maria me fala uma coisa dessas…
– Cadê o meu pai? – Disse secamente.
– Ele não pode vir, amada… Já estamos no mês de junho, os turistas estão começando a se hospedarem, sua tia precisa da ajuda de seu pai na pousada.
– E por que você está aqui?
– Óbvio, não? Para te levar ao hospital. Entre aí, deixe-me ver esse dedo…
– Se você não é meu pai, e muito menos a minha mãe, como consegui que eu fosse libe-rada?
– Eu sou praticamente a sua segunda mãe, esqueceu que estou noiva de seu pai?
Não Amanda amada, e nunca vou esquecer você acabou com o casamento dos meus pais. Eu nunca vou te chamar de mãe, uma adultera não merece esse título! – pensei.
– Não! Eu lembro muito bem que você (infelizmente) é noiva do meu pai. Mas você não é a minha “segunda mãe”...
Eu não disse nenhuma mentira, porém, acho que ela não gostou muito, pois ligou o rá-dio, deu uma acelerada com o carro e não falou mais nada até estacionar em frente ao hospital.
– Cecília, e vou ter que dar uma saidinha para resolver um problema que seu pai me pediu, mas daqui a pouco volto para te buscar.
Então, mais uma vez, eu teria de resolver meus problemas sozinha.

Eu terei de ficar por 15 dias com o pé engessado; segundo o médico, meu dedo fratura-do tem que ficar completamente imobilizado, não posso movimentar o pé esquerdo, por isso foi engessado. Eu também não vou poder praticar esportes, o que significa que não vou ganhar um skate.
Ao sair da sala do médico, a Amanda já me espera na recepção com um embrulho nas mãos. Como eu estava andando bem devagar, ela mesma veio em minha direção, entre-gou-me o embrulho e disse que era o meu presente de aniversário (que foi há dois dias). Somente pelo tato, pude perceber que tinha acabado de ganhar um skate.
–Então Cecília, você vai continuar parada aí?
Eu meio que congelei, era informação demais para mim. Quebro o dedo, meu pé é en-gessado, não vou poder andar em um skate tão cedo, a Amanda está achando que é mi-nha mãe, e de súbito ganho um skate.
–Ahnn… Valeu Amanda… O skate… Trazer-me aqui….
–Ok. Agora, vamos embora, Ceci?
Eu estava tão… sem palavras que simplesmente a segui até o carro. Como ela consegue ser tão, fria? Tipo, meu pé está engessado e ela me dá um skate?! Só pode estar brin-cando comigo… Não quis sentar-me ao lado dela no carro, por isso fui ao banco de traz, liguei meu iPod e deixei no modo aleatório. A noite estava começando e as luzes da cidade me fizeram olhar pela janela. Através do vidro, vi um casal andando de mãos dadas. Eles pareciam tão felizes, e me toquei que era 12 de junho. Continuei a observá-los e percebi que eu já havia visto aquele rosto masculino antes. Não podia ser… Mas sim, era ele: a primeira das minhas desilusões amorosas.
Eu o conheci há dois anos, na pousada. Ele e sua família vieram passar o a virada do ano em São Lourenço, e se hospedaram lá. Eu estava no balanço quando o vi pela primeira vez, mas foi ele quem não tirava os olhos de mim. Na noite do dia em que ele chegou, eu estava sentada na escada principal vendo as notificações no Facebook, enquanto a rádio da pousada tocava músicas sertanejas. Tinham quatro solicitações para jogo, nenhuma mensagem, e uma solicitação de amizade de um tal Lucas Lombardi. Entrei no perfil, e era Ele! Meu Deus, como Ele me encontrou?!
–Você vai me aceitar, Cecília Freire? – disse uma voz atrás de mim.
Virei-me assusta, e vi que Ele era o dono da voz.
–Ahnn... Lucas néh? – Ele balançou a cabeça positivamente – Então, como você desco-briu meu nome?
–Foi Fácil! – ele sorriu – Eu conheço o seu pai, e você é a cara dele. Depois vi ele con-versando contigo. Então imaginei que você provavelmente seria uma Freire. Entrei no Facebook dele, e lá nos parentes encontrei Cecília Freire: filha. Entrei no perfil e vi que você é uma roqueira linda...
–Você está falando sério?! – Disse rindo. Até parece que sou linda! Magra, alta, com cabelo armado e cheio de pontas duplas.
–Nunca falei tão sério na minha vida! – Ele respondeu com um sorriso estonteante, olhando em meus olhos.
Com certeza estava vermelha de vergonha, mas não consegui parar de olhar nos olhos dele. Ficamos assim nos olhando e sorrindo, quando minha tia tirou-me daquele transe, chamando para jantar.
–Eu preciso ir... A gente se fala… pelo Facebook, talvez.
–Isso significa que você vai me aceitar?! – Ele disse levantando uma sobrancelha.
– Acho que sim! – Disse virando-me e subindo para jantar, com a maior cara de boba.
E na rádio começou a tocar Luan Santana, e enquanto eu subia as escadas, o Lucas can-tava mais alto que a rádio “Que se dane o mundo, eu só quero você”…

Agora, o vejo mais velho, mais bonito ainda. O cabelo escovinha de militar, com uma gata loura do lado. Ele se deu bem, e a boba aqui com esse pé enfaixado, sozinha no dia dos namorados, o lápis preto no olho todo borrado - sim, eu comecei a chorar. Vê-lo trouxe à tona lembranças do passado, um passado que é difícil esquecer, pois ele vive atormentando o meu presente. E por mais que eu tente esquecer, eu não consigo. Mas é sempre o mesmo roteiro. Eu conheço, gosto, me acostumo, me apaixono e me ferro. Eu só quero alguém que também tenha medo de me perder.
Então eu olhei para o céu e vi que era uma noite sem estrelas; as luzes da cidade pareci-am aos meus olhos ensopados, tão confusas quanto meus sentimentos. Eu já nem sabia mais porque chorava. Lembrar-me daquele verão, me fez pensar na minha avó, que fa-leceu naquelas férias. Às vezes, eu só queria ser criança novamente, quando minha única preocupação era escolher que roupa vestir as bonecas. Lembrei-me de quando eu brincava com meus primos pela rua, jogando futebol, e vovó ficava brava por eu agir como um moleque. Comecei a rir! Vovó sempre me teve como o xodó, a única no meio dos meninos! Ela daria o mundo por mim. E se ela me visse agora, nem perguntaria o porquê do choro; mas com um jeito único, me faria esquecer os problemas. As pessoas se vão, deixam um buraco na gente, mas às vezes lembrar-se das coisas que fazíamos com os que se foram, nos deixa felizes. Mesmo que algumas coisas eu queira esquecer, e que outras me faça chorar, é melhor sorrir porque pude vive-las. E talvez a vida seja isso; uma mistura de lembranças e sentimentos, que hoje nos mantem caminhando e que nos ajudam a buscar o amanhã. E por mais que nos de náuseas, essa ânsia pelo desconhecido futuro nos faz seguir. 


Coautora: Larissa Lima do Nascimento 

Um beijo gente, espero que tenham gostado 
 

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